domingo, 3 de outubro de 2010

***Jogos Competitivos***



"A maneira com que se joga
pode tornar o jogo mais importante do que imaginamos,
pois significa nada menos que
a maneira como estamos no mundo".
Leonard

Depois de algum tempo sem postar, voltamos para falar de um assunto polêmico: jogos competitivos!!
Há quem o condene, pois alegam que estimula a violência, desunião e favorece a exclusão, priorizando os “melhores” e fortalecendo “a lei do mais forte” ou “que vença o melhor”. Há também os que defendem os jogos competitivos pois, competir é imprescindível para estimular o atleta e permitir sua evolução no esporte. Segundo Bento (2006, p. 14) “Goste-se ou não, a competição e a concorrência são a alma e o grande motor do desporto e da vida”.
E você, o que pensa a respeito dos jogos competitivos? Já refletiu a respeito?
Segundo CAMARGO e OLIVEIRA (2004), o jogo faz parte do crescimento e desenvolvimento do indivíduo, portanto é inerente ao ser humano. Cada jogo tem uma meta e sua utilização irá impactar na formação dos indivíduos envolvidos, em maior ou menor grau, positiva ou negativamente e tudo dependerá do modo de usa aplicação e estratégias utilizadas (É isso mesmo que você entendeu professor, a responsabilidade é sua!hehe). Para os autores, em jogos competitivos valoriza-se a busca de resultados em relação ao oponente, e o que prevalece e é destacado é a rivalidade, onde um (indivíduo ou grupo) deverá vencer, deste modo um está contra o outro e ainda destacam “Enquanto os membros de uma equipe estão unidos entre si, há sentimentos de separação e desumanidade contra os da outra equipe". Esta afirmação nos fez indagar: toda esta rivalidade e agressividade atravessa as barreiras do jogo? ao apito final?
Para complementar tudo o que lemos acerca de jogos competitivos, nada melhor que uma pesquisa de campo, uma observação deste acontecimento: O jogo!
Mas isso, já é assunto para um novo post...

Multiplicadores =]

*** Jogos Competitivos *** Pesquisa de Campo *** Oo JOGO!!


"Te falei
Que era importante competir,
Mas te mato de pancada se você não ganhar!"
Mamonas Assassinas

O lugar escolhido para nossa observação, foi um campinho de várzea localizado na periferia de Campinas, onde regularmente acontecem treinos de futebol. Esta atividade integra o projeto Segundo Tempo e atende à crianças, de 7 a 17 anos, isto mesmo, cerca de 80 alunos com idades tão distintas se revezam na ansia de jogar uma partidinha.
Passamos uma tarde com eles, assistindo aos jogos de futebol e observando e analisando os comportamentos e expressões dos alunos e educadores.
O jogo durava em média 30 minutos, enquanto os menores jogavam o maiores observavam ansiosos por sua vez. Cada time usava um colete com cores distintas para facilitar a identificação. No local, tinham três profissionais. (Um responsável-ex jogador de futebol que não possui CREF e dois estagiários.)
Durante o jogo que assistimos foi possível perceber que a competição entre eles é bem explicita, aparentemente os alunos se cobram muito e cobram um do outro (em tom de agressividade, na maioria das vezes) quando ocorria um passe errado ou a perda de um gol, era possível ver suas expressões faciais mudarem e dizerem palavras que revelavam desapontamento ou frustração.
Segundo os educadores que integram o projeto, “desde os menores (crianças) até os mais velhos (adolescentes e mais experientes) a competição esta evidenciada, mas claro nos mais velhos a competição já é bem mais forte e um pouco séria em determinada situações.”
Percebemos no final de um jogo, que os integrantes da equipe “perdedora”, , demonstraram frustração e semblante um pouco tristes e conforme nos disseram os educadores, alguns sairam irritados do campo.
Para um dos educadores, a cobrança e a analise técnica jogo acontece a partir dos próprios integrantes do time. “Entre si, dizem coisas do tipo, nossa como você perdeu aquele gol, marcação galera vai marcar, muito mal o posicionamento e muitas outras coisas que possa melhorar para a próxima partida.”
Na hora do jogo, observamos que eles se cobraram muito, perguntamos se isso ocorria sempre e o educador nos revelou que “O que era pra ser algo divertido e prazeroso, se torna uma responsabilidade que ele (educando) cobra de si mesmo e do próprio time, buscam desempenhar o melhor papel e quando erram, acabam não aceitando e cada vez a cobrança é maior.”
Perguntamos sobre agressões entre eles e os profissionais disseram que geralmente não há brigas entre os alunos, a competição começa no jogo e termina no “apito final” do professor. Questionamos também sobre quais estratégias são usadas para resolução destes conflitos (frustração; agressividade em campo, etc), segundo eles, a motivação, elogios, demonstração e explanação sobre possíveis erros e acertos são realizados todos os dias. Após o jogo que assistimos podemos observar os educadores atuando em uma roda final.
O educador nos disse que “Ás vezes para a idade é até um pouco prejudicial, pois com medo de errar o passe, evitam pegar na bola, ou até participar do jogo."
O momento mágico e o mais esperado é a hora do gol, na hora que a bola toca na rede, pronto, a festa é geral para o time, para os que assistem a partida, e para o aluno que fez o gol, é como se um piano fosse retirado de suas costas e com seu time indo rumo a vitória, a sua missão estivesse cumprida . E quando ganham, nossa o peito estufa com orgulho, o sorriso é algo que não sai do rosto, melhor que ganhar é ser o destaque do jogo, elogios a todo instante, cumprimentos e claro, a certeza de que será o primeiro a ser escolhido na próxima partida.
E então após revisão bibliográfica e nosso relatório da pesquisa de campo, já conseguiram definir se os jogos competitivos são vilões ou heróis?? Ainda não?? então vamos refletir... em um próxmo post é claro!! =]

Multiplicadores.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

**Jogos Competitivos**Reflexão***



Como diaria minha avó:
"Tudo em excesso faz mal"

A partir da pesquisa de campo (observação do jogo competitivo) e revisão de literatura, pudemos ampliar nosso “olhar” para a importância do jogo no processo ensino-aprendizagem. Concluimos que sua aplicação poderá impactar tanto positiva, como negativamente para o indivíduo, grupo e contexto onde ocorre o jogo. O jogo está intimamente ligado a história humana e apesar de ter sofrido inúmeras adaptações ao longo dos tempos, continua a fazer parte da vida de todos, de um modo ou de outro.
É fato que os estímulos provocados nos jogos (em quem vivência) irão impactar no seu modo de agir, ser, conviver e encarar a vida. No jogo que observamos percebemos muitas cobranças entre os participantes, tons de vozes alterados, irritação, a expectativa de vencer o oponente, pressão, etc. Se por um lado, a competição, nas escolas e em outros âmbitos educacionais ou não, gera satisfação de uns e frustração de outros, como exclusão, priorizando sempre os melhores; biótipos específicos, etc.. Por outro, a competição pode ganhar um caráter positivo, servindo de estímulo para conquista de espaços e oportunidades. Tudo dependerá do modo como estes jogos serão aplicados. Segundo Ferraz (2002) “a competição em si não é boa ou má, ela é o que fazemos dela”. Acreditamos que o ideal é o profissional saber a “dosagem” certa para a aplicação de cada proposta, unir ambas propostas (jogos cooperativos e competitivos) a seu favor, a falta de um poderá gerar carências e o exagero, excessos, desequilíbrios. O jogo que observamos de caráter competitivo, trouxe alguns aspectos negativos (irritação; agressividade; frustração, etc) mas também percebemos aspectos positivos como estímulo e vontade de jogar, a descoberta de potencialidades e habilidades; estímulo motor; muitas vezes o aluno busca um “espelho” e tenta atingir uma meta (um aluno que é experiente; um atleta conhecido, etc.), isso serve de estímulo para a conquista de seu objetivo; canaliza suas ações para o sucesso,(devem ficar claro os valores éticos nesta situação).
Acreditamos que um espaço inovador, nas perspectivas da educação, deverá utilizar atividades que tenham acima de tudo significado para quem pratica; as experiências, cultura e desejos dos alunos, “ritmo” de cada um, limites e pré-disposições devem ser levados em consideração. Pois deste modo, por meio de jogos, será possível criar oportunidades para o desenvolvimento físico, moral e intelectual do aluno, garantindo, assim a formação de um indivíduo com senso crítico; consciência social; solidária e democrática, de cidadania, despertando valores éticos, morais e cívicos; e ainda Borin (1996) afirma que “os jogos auxiliam na descentralização, que consiste em desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere do seu, bem como potencializa a linguagem, a criatividade e raciocínio dedutivo, exigidos na escolha de uma jogada e na argumentação necessária durante a troca de informações."
O professor deve ser antes de mais nada, um educador que se coloque no lugar de aprendiz, tenha abertura e flexibilidade para novas possibilidades; deve sair da “zona de conforto” e atuar como um profissional de qualidade; pensar e repensar em atividades e ações que contribuirão para formação de seus alunos. Quais estratégias serão usadas para que todos aprendam (tenham oportunidade); adequar jogos competitivos a cada faixa etária e alternar entre jogos cooperativos, por vezes utilizando e integrando ambos. A visão “externa” do jogo que assistimos e a fundamentação em literaturas e aulas, que priorizam a educação com significado e formadora, possibilitou ver pontos positivos (explanados anteriormente) e algumas “falhas” que podem ser corrigidas, seria interessante aplicar jogos adaptados; alternar entre jogos de competição e jogos cooperativos; criar situações problema onde o aluno possa trabalhar em grupo e descobrir soluções para o desafio proposto;
Se na atualidade os estímulos apontam para a competição “desenfreada” onde o lema é “que vença o melhor”; está no jogo a oportunidade de mudar esta situação, tão explícita na sociedade (criada por nossos próprios atos); educadores tem em suas mão o “poder” para provocar mudanças sociais, muito embora pareçam insignificantes, impactarão futuramente de modo positivo, transformando a educação e por conseqüência a sociedade. Claro que sabemos que mudanças sociais demoram a acontecer, mas ficar de “braços cruzados” pode não ser a solução ideal. Muitos profissionais reclamam da falta de recurso, “rotulam” seus alunos, valorizam uns e desprezam outros, quando na verdade também agem de modo equivocado, e contribuem para que esta situação conflitante permaneça; é possível mudar, temos muitas literaturas e exemplos de sucesso, basta canalizar ações positivamente. E, finalizando nossa discussão destacamos uma citação de Monteiro Lobato, que embora com caráter utópico e poético (ou não, tudo depende do ponto de vista de cada um), pode nos servir de incentivo “Loucura? Sonho? Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira, mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum”. Mesmo quando parece que estamos “remando contra a maré”, é possível mudar, é preciso acreditar e agir.

Multiplicadores =]