domingo, 6 de dezembro de 2009

***Você é feliz com seu corpo?***

A pergunta lançada pela ProfºDrºTatiana gerou textos maravilhosos e muita reflexão...

Por Danielle Gomes Oliveira
danielle_oliveir@hotmail.com

Meu corpo, morada do meu eu...

Nós temos certos conceitos em nossas cabeças que vem sendo construídos desde o nosso nascimento. Quebrar ou modificar certos conceitos é muito complicado, é mais do que nadar contra corrente, porque a mente está muito formada, é escalar o inexistente em busca do que não se vê, mas se entende. É como se o meu olhar já traduzisse e indicasse o que eu quero enxergar. Reparo no que não devia, dou importância, mas finjo que não dou. Existe o belo e feio para mim, o que é belo para mim pode não ser belo para o outro. Eu formei o meu conceito de belo, baseada em outros belos. A minha percepção se deixa enganar, eu precisaria fazer uma limpeza total de mente para saber qual é a real beleza que me impressiona.
Modificar o outro e fazê-lo aceitar seu corpo, suas limitações, exigiria que eu pensasse que eu fosse o outro e me sentisse bem.
A maioria das pessoas não aceita o que é diferente ou fora dos padrões. Mas o que é o padrão, quem criou o padrão e por quê? Seja qual for o motivo, somos seguidores. Não por sermos bobos, mas por saber que para conquistar o olhar do outro às vezes precisamos modificar o nosso corpo, e isto torna-se o nosso querer. Temos que ser reflexo do mundo. É natural. “ Inatural” seria se eu refletisse o incomum e este fosse aceito. Seria quebrado, transformado ou invertido um padrão? Tudo estaria na mais perfeita desordem nesse sistema de ordem que o homem criou.
Roupas, sapatos, academia, corrida matinais, verduras, frutas, “total shape”, fitas métricas... qual é o sentido? do que eu preciso? O que mais me faz feliz?
A real beleza é a mais bela, mas às vezes é tão apagada. Andamos muito sem tempo para olhar o outro com mais atenção. Se não reparamos no céu, é claro que não vemos estrelas. Elas se apagam.

Porque devo me tornar educadora física?
Algumas pessoas que procuram um profissional de educação física, o procuram com tanta entrega, como se ele tivesse o segredo da felicidade, como se o corpo tivesse que ter as medidas certas, aquelas que todas as pessoas devem ter. Os homens com 40 cm de braço, abdômen tanquinho. Mulheres magérrimas, com cintura definida, pernas bem torneadas. Esse é o modelo. Não pode ser diferente, quem é diferente tem que mudar e para mudar procure um Personal. Faça exercícios físicos, ou às vezes nem é necessário, o seu corpo pode ficar em forma se você simplesmente cortar a comida da sua dieta. Ou melhor, faça exercícios dormindo, use o AbToner, para que saúde? Quem precisa dela... O importante é estar bonito. Faça dietas malucas, se mate em exercícios, viva se medindo, em busca do corpo perfeito. Use espartilhos independente do clima e durma com ele, use também um modelador corporal até os pés. Faça milhares de plásticas, tome centenas de chás e remédios, reinvente o seu corpo. Quem sabe assim o mundo contemple uma foto sua. Se ainda não tiver bom pode ter certeza que o photoshop tem a solução.
O corpo é explorado às vezes até o seu limite, outras vezes além do seu limite. Corpo que sofre, que dança, que brilha, que luta, que corre. Que corre contra o tempo, que luta contra água, contra o vento e luta até contra o próprio homem. As Olimpíadas, as Copas Mundiais versus Corpo: Ele não agüenta por muito tempo.
Que aluno eu quero? Aquele que ser esforça diariamente na academia porque vai para praia nas próximas férias? Aquele que quer mostrar para os amigos os músculos conquistados, quer impressionar, fazer inveja? Aquele aluno que quer descobrir suas possibilidades corporais, ou aquele que quer se sentir bem, que quer prolongar a vida, se sentir saudável? Aquele aluno que não sabe o que quer, mas sente falta quando não faz certa atividade física? Aquele que precisa perder a barriga, os “pneus”, as “gordurinhas localizadas”, aquele que não se sente bem com seu próprio corpo, que quer ter o corpo do outro? Aquele que quer conquistar alguém ou acha que aquele é um lugar legal para fazer novos amigos? Qual é o melhor tipo de aluno? Não existe o melhor. O que importa é minha visão sobre o aluno. Eu quero alunos e saber ensinar, quero quebrar preconceitos, quero que minha visão não esteja direcionada e imutável, quero saber enxergar beleza verdadeiramente além do que sempre enxerguei e dizer com convicção: apaixone-se por você, sua beleza é alem da estética.
As possibilidades corporais são imensas e não tem nada a ver com estética. Os olhos às vezes nos atrapalham, damos muito valor ao que enxergamos e esquecemos daquilo que foi dito no livro O pequeno príncipe, que “O essencial é invisível aos olhos”.
Quando eu tirar a venda posso educar qualquer corpo das mais variadas formas, sem essas limitações que muitas vezes nem sequer existem.
Meu corpo, morada do meu eu, quem tem que se sentir bem? Sou eu!

PS: Voltando no ônibus para a minha casa ouvi uma amiga comentando sobre o que havia passando, problemas familiares, no relacionamento, entrega de TCC e etc. E ela contou que no Domingo ela tinha ido caminhar no Taquaral para relaxar um pouco, desestressar, foi à vontade, camiseta, calça legging... Ela não está muito acima do peso, mas nesse dia um ônibus cheio de homens passou e gritaram “E aí Fofão, não “guenta” correr?”, ela não imaginou que fosse com ela, mas ela olhou para trás e um dos caras repetiu “É com você mesmo, Fofão”. Ela contaria essa história numa boa, ela conta a história dando risada, mas é aí que fica a questão, basta somente eu meu aceitar?

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